Pênia: Deusa da Pobreza
À primeira vista, Pênia, a deusa da pobreza, parece representar apenas a carência e a necessidade. No entanto, sua história carrega uma profundidade simbólica que revela aspectos fundamentais da existência humana. De antemão, é preciso compreender sua origem. Pênia é filha do Luxo e da Ociosidade, mas algumas versões apontam que ela nasce da Devassidão, enfatizando que aqueles que vivem de maneira desenfreada caminham inevitavelmente rumo à ruína.
Acima de tudo, Pênia simboliza a força da necessidade que impulsiona o homem a buscar superação e criatividade. Sua aparição mais famosa ocorre no banquete em celebração ao nascimento de Afrodite. Em um cenário de luxo e abundância, Pênia surge como uma intrusa, guiada pela necessidade, em busca de algo que falta.

Durante a festa, Pênia encontra Poros, o deus da engenhosidade e dos recursos, que havia se embriagado com o néctar divino e adormecido em um jardim. Aproveitando-se da oportunidade, Pênia se une a ele, e dessa união nasce Eros, o deus do amor e do desejo. Sob o mesmo ponto de vista, Eros simboliza a busca constante pelo que falta, um reflexo da própria essência de Pênia. Ele carrega o impulso de preencher vazios, de alcançar o inalcançável e de transcender limites.
Atualmente, as pessoas interpretam o mito dessa deusa como um lembrete de que a pobreza, embora desafiadora, desperta engenhosidade, resiliência e transformação. Ao passo que a necessidade marca sua figura, ela representa o motor que impulsiona o movimento e a criação. Similarmente, sua ligação com Poros sugere que a carência, quando combinada com recursos e engenhosidade, dá origem à força mais poderosa da existência: o amor.
Pênia – Conclusão:
Às vezes, Pênia é vista com certa melancolia, mas sua história não é apenas de privação. Ela revela o poder que nasce das dificuldades, mostrando que mesmo na escassez há espaço para o crescimento. Tal qual Eros, que nasceu da união da necessidade com a engenhosidade, o ser humano transforma suas limitações em oportunidades para amar, criar e se superar.
Sob o mesmo ponto de vista, Pênia não é apenas a deusa da pobreza; ela é a personificação da força que surge das adversidades, ensinando que até mesmo o vazio pode gerar plenitude.
Dos braços do Luxo e da Ociosidade,
Alberto Freitas
Nasceu Pênia, senhora da necessidade.
Filha do excesso e da apatia,
Trazia nos olhos o véu da agonia.
No jardim onde Poros, o engenhoso, repousou,
Embriagado pelo néctar, o destino selou.
Pênia, guiada pela necessidade ardente,
Unindo-se a ele, plantou a semente.
Dessa união, não nasceu ouro ou poder,
Mas Eros, a vontade de querer e de ser.
O deus que busca, que cria, que ama,
Que da falta faz fogo, que da carência inflama.
Ó mortais, escutai o chamado divino:
Para sair da pobreza, o caminho é cristalino.
Uni a astúcia à tua necessidade,
Gera em ti Eros, a força da vontade.
Pois da carência nasce a invenção,
Da fome, o desejo, da queda, a ascensão.
E onde Pênia chora, a esperança floresce,
Com Poros ao lado, o destino acontece.
Assim, Pênia não é apenas miséria e dor,
Mas a faísca inicial de um mundo criador.
No encontro da pobreza com a inteligência,
Renasce a vida, em eterna cadência.
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