Deusa da Fama – Mitologia Grega

Beto Freitas Leitura: 3 min

Na Mitologia Grega, a deusa da Fama, conhecida também conhecida por Pheme, encarna o poder irresistível da Fama, cuja voz ecoa pelos céus e se espalha pela terra, carregando consigo rumores, verdades e mentiras. Conhecida por seu papel intrigante e ambíguo, a Fama se destaca por sua influência esmagadora sobre os deuses e mortais. Um poder que emana da união entre o divino e o terreno, posto que ela é descendente de Gaia, a própria personificação da Terra.

A deusa da Fama surge em mitos e textos antigos, em especial nos escritos de Ovídio. O poeta romano que descreve sua essência como algo ao mesmo tempo fascinante e perigoso. Representada a deusa com mil olhos, bocas e ouvidos em suas asas. Ela sempre esta atentos a tudo que ocorre no mundo.Cada sussurro ou segredo se transforma em uma nota a mais na melodia de sua fama, um poder que cresce e se modifica conforme é espalhado. Por mais que os deuses tentem escapar de seu alcance, sua presença persiste, implacável, como se nenhuma tentativa de contenção pudesse aplacá-la.

Foi essa Fama que, cruel e implacável, espalhou a paixão vergonhosa de Eneias e Dido. Suas bocas gritaram aos quatro ventos que os amantes, esquecidos de seus reinos e deveres, se perderam em luxúria e abandono. As palavras da Fama não apenas contam histórias, elas inflamam corações, distorcem a verdade, ferem almas.

A deusa da Fama – Ovídio

De acordo com Ovídio, a deusa da Fama reside em um palácio no centro do mundo, onde os sons e rumores das cidades se mesclam em um turbilhão caótico. Neste espaço, ela filtra e transforma as notícias, como se tivesse o dom de amplificar as palavras. Assim, a fama ganha uma nova dimensão, tomando para si um toque de imortalidade, posto que o que ela espalha jamais se apaga completamente. Mesmo que sua natureza seja um reflexo do caos, ela exerce uma ordem própria e absorve os eventos, de modo que todos os feitos — bons ou ruins — sejam sempre lembrados.

Em contrapartida, sua influência vai além da mera fofoca ou do boato. Na Mitologia Grega, a fama carregava uma seriedade que ultrapassa o tempo, uma força capaz de modificar o destino dos heróis. Mesmo as divindades se tornavam reféns de sua voz, a saber: qualquer deus que se tornasse alvo de sua atenção, veria suas ações expostas. O temor que Pheme causava nos deuses era comparável ao próprio destino. Afinal, por menos que queiram admitir, deuses e humanos desejavam evitar os desígnios dela, ainda que reconhecessem seu poder inabalável.

No entanto, a fama não escolhe lados, ela espalha tanto a glória quanto a desonra, aumentando a percepção das ações heroicas e vilanescas na mesma medida. Ao contrário do que se espera de uma deusa que controla o renome, ela não se prende a julgamentos morais. Ou seja, Pheme apenas amplifica aquilo que acontece, sem distinção entre o bem e o mal. Os mortais a temiam, mas ao mesmo tempo a desejavam pois. Mas mesmo que alguém vivesse de maneira virtuosa, a deusa da Fama poderia decidir espalhar um boato injusto, transformando uma vida em um tormento. Em contraste com outras divindades, que tinham uma missão clara. Pheme exalava neutralidade e um pouco de indiferença, como se nada fosse capaz de despertar piedade ou afeição nela.

O nascimento da deusa da Fama:

Gaia trouxe a deusa Fama ao mundo como uma voz encarregada de revelar o que deve ser ouvido e ocultar o que permanece nas sombras. Ainda assim, por outro lado, ela possui um lado destrutivo que se assemelha a um incêndio incontrolável, consumindo tudo o que encontra. Por mais que tente regular as ações, a Fama não consegue reter sua natureza expansiva. É, de fato, uma figura única, pois não apenas carrega as histórias, mas as intensifica, transformando cada feito em algo que ressoará eternamente. Isto é, ela preserva o passado na memória coletiva e o transporta para o presente com um peso inegável.

Ainda mais, sua existência desafia a lógica, pois, ao mesmo tempo em que garante a glória, abre espaço para a ruína. Em outras palavras, a presença de Pheme é como um sussurro constante que cresce em intensidade, invadindo cada canto e cada ouvido, até que se transforme em um grito imortal.